Palpatine: A Paciência Calculista de Um Ditador

07/04/2025

A ascensão de Palpatine não foi um golpe relâmpago, como os da nossa história real. Foi uma operação de décadas. Um xadrez em que cada peça foi movida no tempo certo. E mais: cada jogador do tabuleiro acreditava estar ganhando — até perceber que o jogo já estava perdido.


A Arte da Infiltração: De Naboo ao Senado

O jovem Palpatine, senador do pequeno planeta Naboo, era já nessa época discípulo de Darth Plagueis, o Sábio. Sob a identidade secreta de Darth Sidious, Palpatine começou a manipular as engrenagens do sistema político da galáxia antes mesmo de aparecer nas telas. 

Seu primeiro movimento visível foi a Crise de Naboo (Episódio 1, A Ameaça Fantasma), quando a Federação de Comércio bloqueia Naboo. Quem estava nos bastidores incentivando essa ação? Sim: o próprio Palpatine


Golpe 1: Provoca-se uma crise comercial galáctica para mostrar que o Senado é ineficiente e criar uma sensação de vulnerabilidade.

Isso abre espaço para que o jovem senador Palpatine pareça uma alternativa de "eficiência". Ele usa a crise para subir ao cargo de Chanceler Supremo. Legalmente. Com apoio popular. Com o voto de confiança da própria Rainha Amidala.

O Engenheiro do Medo

Palpatine entendeu algo que muitos tiranos da história também souberam: medo é o combustível da manipulação política. 

Ao patrocinar o surgimento da Confederação de Sistemas Independentes e colocar o Conde Dookan como o rosto do movimento separatista, Palpatine criou o maior inimigo da República. O medo da secessão era tão grande que ninguém parou para perguntar:

Por que agora?

Quem está financiando isso?

Por que os Jedi estão liderando exércitos?


Golpe 2: Ele cria um inimigo para justificar a concentração de poderes e o militarismo, enquanto os verdadeiros objetivos são obscurecidos.

A Guerra dos Clones começa… e com ela, a República se torna um estado bélico permanente.

A Militarização da Paz

Durante as Guerras Clônicas (Episódio II e The Clone Wars), Palpatine se torna o líder absoluto da República com poderes emergenciais concedidos democraticamente.

As instituições democráticas continuam de pé — mas estão esvaziadas. O Senado vira um teatro. Os Jedi viram soldados. Os sistemas planetários vivem sob leis marciais. E Palpatine se torna… o homem que "mantém a ordem."


Golpe 3: O povo não vê um ditador; vê um "gestor firme" que resolve crises, enquanto entrega liberdade em troca de segurança.

A Arma Perfeita: Os Clones e a Ordem 66

Essa parte é digna de nota histórica. Palpatine encomendou um exército inteiro — os clones — anos antes da guerra começar, usando o nome de um Jedi morto. A galáxia aceitou esse exército com gratidão, sem saber que eles vinham com um chip de obediência embutido: a Ordem 66.


Golpe 4: Ele prepara uma "solução final" para exterminar os Jedi anos antes deles sequer perceberem que estavam perdendo o jogo.

No momento certo, quando os Jedi começam a desconfiar dele, ele aciona a Ordem 66 e... checkmate. A maioria é morta em segundos. E os sobreviventes viram mitos ou fantasmas.

O Império Começa com Aplausos

Com os Jedi acusados de traição e os separatistas derrotados, Palpatine faz seu discurso ao Senado:

"Por fim, a segurança e a estabilidade retornarão à galáxia... e para garantir essa segurança, a República será reorganizada no primeiro Império Galáctico!"

A resposta? Aplausos. Vivaaas. Gritos de entusiasmo. Até Padmé, horrorizada, percebe: ninguém viu o Império chegar, porque ele foi desejado.


Lições da Ascensão de Palpatine (Que Soam Assustadoramente Familiares)

Star Wars pode ser ficção… mas a ascensão de Palpatine é um espelho sombrio de processos históricos reais.

Crise Fabricada = Poder Centralizado:

O povo aceita perder liberdades em troca de soluções rápidas.

Inimigo Comum = Controle Justificado:

Um inimigo externo ou interno (real ou imaginário) é essencial para consolidar o poder.

Militarização = Cegueira Institucional:

Guerras prolongadas enfraquecem as instituições civis e fortalecem líderes autoritários.

Legalismo Autocrático:

Tudo foi feito dentro da lei. Nenhum "golpe" no sentido clássico. Apenas votos, decretos, protocolos.

Manipulação da Narrativa:

Os Jedi, defensores da paz, viram vilões. E Palpatine, um Sith, vira imperador "pela segurança da galáxia".


Conclusão: O Império Não Começa com um Golpe. Ele Começa com Um Discurso

Palpatine venceu porque ninguém queria encarar o fato de que a República já estava doente.
Os Jedi ignoraram os sinais. O Senado estava confortável demais para reagir. O povo queria paz, ainda que à custa da verdade.

E assim, com medo, ignorância e esperança desesperada… a democracia morreu.

Escrito por: Dart

Gosto de série, filme e quadrinhos

Revisado por: Joyce

Apaixonada por livros, música e games