
Hellspawn - A Série Completa
Hellspawn, a série em 16 edições, publicada entre os anos 2000-2003, mergulha o personagem no terror em uma bela edição nacional pela New Order
Spawn sempre foi um dos meus personagens favoritos, e minha história com ele começou de forma especial. A primeira vez que o vi foi no filme de 1997, com Michael Jai White no papel principal, em uma daquelas nostálgicas sessões de sexta-feira à noite no SBT. Embora o filme tivesse suas limitações, ele conseguiu me capturar com a intensidade sombria e o visual marcante do anti-herói.
Depois desse primeiro contato, não demorou muito para que eu mergulhasse nos quadrinhos de Todd McFarlane. Foi aí que o verdadeiro fascínio nasceu. Ao virar as páginas, percebi a profundidade do personagem e o universo rico que ele habitava. Cada história me puxava mais para dentro daquele mundo de redenção, vingança e forças sobrenaturais. Foi amor à primeira vista, como já mencionei em outras ocasiões. Spawn não é apenas um personagem; ele representa uma conexão pessoal e uma viagem contínua pela sombria e fascinante jornada de um dos maiores anti-heróis dos quadrinhos.
Algo no visual de Spawn e no universo ao seu redor foi irresistivelmente atraente para o meu eu adolescente, apaixonado por histórias de terror. O mundo concebido por Todd McFarlane, criador do personagem, e posteriormente enriquecido pelo traço inconfundível de Greg Capullo — que, para mim, é o artista definitivo da Cria do Inferno — é um espetáculo de escuridão e caos. Esse universo é moldado por sombras sufocantes, becos sujos e apinhados de seres grotescos, sejam eles humanos ou monstros de outra natureza, todos tão corruptos e degradados quanto o ambiente em que habitam. E a violência, claro, é quase uma personagem à parte, permeando cada canto desse cenário infernal.
No entanto, como fruto dos anos 90 e, mais especificamente, do movimento que deu origem à Image Comics, Spawn sempre carregou consigo uma maldição particular: a falta de bons roteiristas. Apesar de momentos brilhantes, como as edições iniciais assinadas por McFarlane e a sólida passagem de Brian Holguin pelos roteiros, o personagem nunca conseguiu alcançar a consistência narrativa que seu conceito merecia. A Cria do Inferno, por mais fascinante que seja, frequentemente se tornou um exemplo clássico de forma sobre substância — um espetáculo visual que nem sempre foi acompanhado por histórias à altura.
Mesmo assim, é impossível ignorar o impacto de Spawn. Ele se tornou um ícone, não apenas por seu visual e sua mitologia rica, mas também por representar a ousadia de criadores independentes que desafiaram o status quo da indústria de quadrinhos. Essa dualidade — entre o potencial imenso e as falhas narrativas — é o que torna o personagem tão único e, paradoxalmente, tão humano em sua essência.


Portanto, quando nomes de peso como Brian Michael Bendis e Steve Niles se envolvem em um projeto relacionado ao Spawn, é inevitável que isso atraia a atenção, certo? Ambos os escritores trazem consigo uma bagagem significativa e uma reputação consolidada no mundo dos quadrinhos.
Bendis, que já tinha uma longa história com o universo de Spawn como roteirista da série Sam & Twitch, tornou-se um dos grandes nomes da indústria com seu trabalho na aclamada versão Ultimate do Homem-Aranha, bem como em séries icônicas como Demolidor e Alias, ao lado do artista Alex Maleev. Seu estilo característico, marcado por diálogos afiados e uma abordagem intimista dos personagens, é um verdadeiro diferencial.
Por outro lado, Steve Niles, que também deixou sua marca no universo de Spawn com a série The Dark Ages (1999–2001), é amplamente reconhecido como um dos maiores mestres do terror moderno. Seu trabalho em 30 Dias de Noite redefiniu o gênero, misturando horror visceral com atmosferas sombrias e uma profundidade emocional rara nesse estilo de narrativa.
Essa poderosa dupla de roteiristas é responsável por trazer ao mundo a série Hellspawn, um spin-off que se propõe a explorar o universo sombrio da Cria do Inferno sob uma nova perspectiva.
Mas, antes de mergulharmos na essência dessa série em particular, acredito que seja fundamental apresentar o personagem Spawn e o contexto em que ele se encontra no início dessa trama. Afinal, compreender as bases de sua jornada é essencial para apreciar a riqueza e complexidade que Hellspawn oferece aos leitores.
Hellspawn - A história e contexto da Cria do Inferno:
Para quem ainda não conhece o personagem, aqui vai um breve resumo de sua origem:
Spawn é o alter ego de Al Simmons, um tenente-coronel do exército dos Estados Unidos e um dos soldados mais letais e habilidosos de sua época. Operando nas sombras, Simmons realiza missões que supostamente defendem os interesses do país, mas, na realidade, muitas vezes estão alinhadas às intenções sombrias de seu superior, Jason Wynn — um homem tão influente quanto implacável.
Com o tempo, Simmons começa a questionar suas ações e o sistema que serve, tornando-se uma ameaça para Wynn. Quando sua lealdade dá sinais de desgaste e ele se torna uma peça imprevisível no tabuleiro de poder, Wynn decide eliminá-lo. Durante uma missão, Simmons é traído por seus aliados e brutalmente assassinado, sendo queimado vivo.
Este é o trágico início de sua jornada, mas também apenas o prelúdio para o renascimento sombrio que faria de Al Simmons a Cria do Inferno, o anti-herói que habita um mundo de vingança, redenção e forças sobrenaturais.

Após sua morte, a alma do tenente-coronel Al Simmons é confrontada pelo demônio Malebólgia, soberano do Oitavo Círculo do Inferno. O demônio faz uma proposta tentadora: em troca de sua alma e de sua lealdade como soldado nos exércitos infernais durante o Armagedom, Simmons teria a chance de rever Wanda, sua esposa e o grande amor de sua vida. Desesperado, Al aceita sem hesitar.
No entanto, o acordo é tão cruel quanto seu novo mestre. Simmons retorna à Terra cinco anos após sua morte, aprisionado em um corpo grotescamente desfigurado e coberto por um uniforme senciente, que mais parece uma extensão viva de sua maldição. Pior ainda, ele descobre que sua esposa seguiu em frente: Wanda agora está casada com seu melhor amigo, Terry Fitzgerald, com quem tem uma filha chamada Cyan.
Ressuscitado e solitário, Simmons assume o papel de Spawn, um soldado do Inferno enviado à Terra para cumprir os desígnios de Malebólgia. Ele se vê como uma peça essencial no tabuleiro de uma guerra iminente entre o Céu e o Inferno, mas algo dentro dele começa a mudar. Cansado de ser manipulado por forças que vê como igualmente corruptas, Al decide romper as correntes que o prendem a esse conflito eterno.
Ao abdicar do papel que lhe foi imposto, Spawn cria um vácuo perigoso na balança de poder. Malebólgia, em resposta, tenta retomar o controle, resultando em um confronto épico entre criador e criação. Quando a poeira finalmente baixa, Simmons emerge como o vitorioso, assumindo o trono como o novo Rei do Inferno.
E é exatamente nesse momento de transição, com a Cria do Inferno em uma posição de poder que ele nunca desejou, que Hellspawn tem início.
Hellspawn - Resenha
Uma das primeiras coisas a se destacar sobre Hellspawn é que a série pode ser dividida em duas partes distintas, ainda que essa separação não tenha sido intencional ou planejada desde o início. Essa divisão ocorre principalmente devido às duas equipes criativas envolvidas no projeto, cada uma liderada por um roteirista com estilos bem diferentes.
As edições de 1 a 6 foram escritas por Brian Michael Bendis, que traz um enfoque maior na construção do mundo e na introdução dos personagens dentro desse novo status quo de Spawn. Já as edições de 7 a 16 ficaram a cargo de Steve Niles, cuja abordagem se concentra em desenvolver a narrativa e conduzi-la até sua conclusão.
Essa transição entre os roteiristas cria uma dinâmica interessante, onde as contribuições de Bendis estabelecem as bases e preparam o terreno, enquanto Niles explora os conceitos apresentados e leva a série a novos patamares.
Mas, para entender melhor as nuances de cada fase, vamos analisar por partes, certo?
Hellspawn #1-6 - Brian Michael Bendis e Ashley Wood:
A introdução promovida por Bendis ao universo de Hellspawn é bem executada, estabelecendo o clima e o tom desse novo universo. Pesado, sujo e opressivo, o título se firma, desde o número 1, como uma história de terror onde o sobrenatural terrível - sejam eles demônios ou anjos - e o terrível de origem humana caminham de mãos dadas. Para isso, muito ajuda a arte atmosférica e suja de Ashley Wood, o artista responsável pelas primeiras dez edições.

No entanto, por mais atmosférica e tensa que possam ser as histórias de Bendis, não temos, em nenhum momento, algo próximo de uma progressão de narrativa. Pois, ainda que ele semeie os temas que serão trabalhados no futuro - a insatisfação do Inferno com a recusa de Spawn na forma de seu velho arqui-inimigo, o Palhaço/Violador, o papel do próprio Spawn como um vigilante e o papel do Céu como uma outra força no jogo - nenhum deles parece conduzir a narrativa adiante, de modo que, após o término dessas 6 primeiras edições, ficamos com a sensação de que nada de importante realmente aconteceu.
Não que isso signifique que as histórias sejam ruins. Pelo contrário. A sequência inicial - entre as edições 1 e 3 - que o envolve o Palhaço se aproveitando de pessoas em situação de vulnerabilidade e arruinando suas vidas com seus próprios segredos obscuros é muito bem executada, oferecendo um vislumbre perfeito do mundo cínico e terrível que cerca o Spawn.
No entanto, as próximas histórias dessa sequência, que trazem o personagem fazendo sua justiça contra tipos que vão de um líder religioso extremista e a um casal de sádicos parece apenas repetir o período de Brian Holguin, mas sem possuir a mesma beleza de execução. De fato, parte do que torna o período de Holguin à frente do Spawn tão divertido está em sua simplicidade. Em suas histórias, em especial durante o período de justiça aleatória do personagem, temos uma narrativa que segue a seguinte fórmula:
A) Fulano é um vilão que faz coisas horríveis;
B) Os caminhos de Fulano e da Cria do Inferno se encontram;
C) Fulano tem uma morte horrível e de alguma forma relacionada as atrocidades por ele cometidas.

Em Hellspawn, apesar de Bendis seguir essa mesma premissa, elas não funciona tão bem. Primeiro, porque, como dito acima, elas não conduzem a história para frente, apenas ganham tempo para algo que ainda não temos uma ideia clara do que seria. Segundo porque, como dito anterior, essas histórias soam como repetições, repetições essas, porém, que perdem sua força ao apelarem para um tratamento moralizante, onde os malfeitores recebem uma oportunidade de ver e aprender com seus erros, algo que quebra a expectativa de punição desse tipo de narrativa com esse tipo de personagem.
Um outro ponto de queixa que tenho com relação à essa primeira metade se dá na relação aos elementos que são apenas jogados em cena mas que jamais são fechados, como a conversa entre os mendigos e o chat online. Nesses 2 casos, possuímos uma sequência de narrativas paralelas que são adicionadas ao longo do que seria a história principal, que são continuamente alimentadas pelo roteirista mas que são abandonadas sem maiores explicações e, pior, sem mostrarem o porquê de estarem ali, sendo adições completamente gratuitas à narrativa.
No geral, em termos de narrativa, temos aqui uma primeira parte bem razoável, e que, seguindo a infeliz tradição do Spawn, é carregada mais pela arte belíssima de Ashley Wood do que pelos roteiros da revista em si.

E que bela arte! Creio que não há como elogiar o suficiente a arte de Wood neste trabalho. Sob seu traço, o universo de Spawn ganha um ar pesado e sinistro, onde a sujeira dos becos e da imundice dos demônios e almas corrompidas se refletem, criando um universo sombrio, claustrofóbico e desprovido de luz ou esperança, sendo uma combinação perfeita entre artista e personagem.
No entanto, existem também algumas pequenas observações a serem feitas. Apesar de ser um excelente artista, Wood é melhor ilustrador do que quadrinista, de modo que, quando sua arte é transposta para os quadrinhos, temos uma narrativa muito rígida, às vezes confusa, que de modo que se torna um tanto quanto difícil acompanhar sua narrativa sequencial - em um problema bem parecido com o que ocorreu com a adaptação em quadrinhos de Metal Gear Solid 2, que tem no artista australiano seu desenhista principal.
Ainda assim, que belo espetáculo visual ele nos fornece!
Hellspawn #7-16 - Steve Niles e Ben Templesmith:
E aqui chegamos no que considero ser, de longe, a melhor parte de Hellspawn.
Assumindo com a saída de Bendis, Steve Niles conduz a série da edição 7 até sua conclusão, seguindo por um caminho diferente do roteirista anterior. Com o tom e o universo já estabelecidos, agora a história vai acompanhar as consequências do jogo do poder no Inferno, onde vemos a última tentativa do submundo de converter Spawn em seu novo regente, de modo a oferecer um fio condutor até então ausente na série. Não só isso, Niles trará também um eixo temático para Hellspawn, que passará a girar em torno do tema das escolhas tomadas por seus personagens.

Essa segunda fase da série trará consigo 3 arcos de tramas: a principal, que iniciando de modo sutil nas páginas da edição 8, quando o Soldado do Inferno intervém para proteger uma jovem de ser atacada por seu namorado, culminará no Mundo Infernal, momento em que Simmons será tentado mais uma vez a assumir o trono vazio do inferno; o arco de Cy-gor, onde o Spawn precisará lidar com as pontas soltas de seu passado como agente de Jason Wynn; e, finalmente, o arco do jornalista Mike Moran, tendo em comum o tema exposto acima.
Introduzidos ainda na passagem de Bendis, a história de Cy-gor, assim como a de Moran, serão conduzidos e concluídos pelo roteirista, enquanto fornecem espaço para que a trama principal possa ir se desenvolvendo até seu clímax. No primeiro arco, que se estende por 4 edições, teremos a volta não só do gorila cibernético, velho oponente de Spawn, como também Terry Fitzgerald, melhor amigo de Al Simmons e atual marido de Wanda Blake, a ex-esposa de Al.
Um pouco mais longo do que deveria ser, talvez o principal problema com esse arco se encontre no fato do mesmo ser puramente funcional. O que quero dizer com isso? Bem, apesar de ter seus momentos, fica claro durante a leitura que ele está ali apenas para dar tempo para que a história de Éden - a jovem salva por Spawn e futura mãe da demônio Hela - possa ir maturando, como também para encerrar de vez os últimos vínculos do Soldado do Inferno com sua vida humana, colocando um final não só na sua relação com Cy-gor, mas também afastando em definitivo a figura de Terry , deixando o Spawn à deriva no mundo e sem maiores conexões.
No entanto, por melhor que seja a ideia, o modo como esse corte é realizado é um tanto quanto abrupto, principalmente se levamos em consideração o papel e o peso desse tipo de relacionamento para o personagem. Não só isso, é aqui que o conhecimento prévio vem a calhar, uma vez que novos leitores podem não conseguir pegar o impacto total do arco em si - uma vez que essa é a primeira vez em que Terry aparece. Não só isso, perde-se uma ótima oportunidade de mergulhar um pouco mais no personagem, de modo a entendermos um pouco mais suas motivações e aprofundar o tema geral que ronda essa segunda fase da série.

Quanto ao arco de Moran, bem, talvez essa seja a maior decepção de toda Hellspawn. Para quem não reconheceu o nome, Mike Moran é o alter-ego do personagem Miracleman / Marvelman, que seria introduzido no universo do Spawn durante essa série. No entanto, uma vez que Todd McFarlane não possuía os direitos para o uso do personagem, a participação do mesmo teve que ser cancelada abruptamente, por motivos jurídicos, de modo que todo o trabalho de Niles na construção desse pequeno arco termina sendo sumariamente descartado ao final da edição 12. Para saber um pouco mais sobre essa questão, separei um post do Spawn Brasil, o maior portal sobre o personagem no Brasil, nos links abaixo, certo?
Mas vamos voltar ao ponto.
Essa decisão, apesar de pautada pela necessidade, é um verdadeiro balde de água fria do ponto de vista narrativo, uma vez que se é dedicado muito tempo para a preparação de uma revelação, sendo inclusive plantadas uma série de dicas e pistas aos leitores, que termina conduzindo a um beco sem saída, de modo todo o mistério e suspense criados em torno desse personagem terminam dando em nada, sendo esse, talvez, o ponto mais baixo da passagem de Niles.

Quanto ao Mundo Infernal, o último arco da série, este é, de longe, o melhor arco de Hellspawn. Sendo prenunciado desde a edição 8, a construção da tensão para o surgimento de Hela, com presságios naturais e artificiais é muito bem executada, de modo que somos lembrados o tempo inteiro de que algo sinistro está por vir. E quando vem, é quando a série decola.
Tentando Spawn para que ele aceite seu lugar no Inferno, a demônio apresenta uma simulação de realidade onde o Inferno venceu a grande guerra, e onde ele se senta no trono como seu governante de direito, livre para punir todos os pecadores em seus domínios. É aqui também que a arte de Ben Templesmith conquista a série, apresentando um Inferno como um cenário anárquico e bizarro, aterrador e hediondo, cercado por fogo e dominado por demônios e espectros dos condenados, sendo uma combinação perfeita entre artista e tema.
Assim como nos arcos anteriores, o papel das escolhas será fundamental no Mundo Infernal, uma vez que serão as decisões tomadas pelo Spawn as responsáveis pelos rumos do mundo. Sua decisão de tomar ou não o trono, de punir ou não os condenados, de aceitar ou não o seu papel, são os pontos centrais nessa parte da história. Não só eles, como a percepção acerca das consequências de suas próprias decisões, ganham aqui extrema importância, como será apresentado em sua conversa com Éden no Inferno e em sua última conversa com Wanda. Não só isso, será esse o tema que irá reluzir ao final da história ao seu final quando o Spawn, ao se decidir ser o senhor de seu próprio destino, aceitando a responsabilidade por suas ações e as consequências pelas mesmas, consegue alcançar sua libertação do jogo em que havia sido envolvido.
Por mais que seja o ponto alto de Hellspawn, Mundo Infernal também possuí seus defeitos, em particular rumo ao final, que me pareceu um tanto quanto acelerado demais. A conversa com Wanda mencionada acima, por exemplo, poderia ter sido melhor aproveitada, em particular em vista do peso e da importância da personagem dentro da mitologia do personagem. Além dele, o próprio encerramento da série - que foi cancelada - também me soa um tanto quanto acelerado, ainda que, dado o contexto geral, oferece um bom arremate para a saga do Soldado do Inferno.
Assim, Niles oferece uma passagem muito mais coesa e bem construída, encerrando bem a série.

Conclusão:
Então, essa aqui vai ser uma série difícil de apresentar minha conclusão.
Mesmo com sua irregularidade narrativa, Hellspawn é uma boa leitura. Talvez seja melhor aproveitada pelos fãs do personagem, uma vez que existem alguns elementos na história que, para serem compreendidos, precisam de um certo conhecimento prévio (a série em si se passa entre as edições 100 e 107 da série principal). Não só isso, a mesma é uma evolução natural do título principal do Soldado do Inverno, apenas mudando o seu foco para narrativas mais orientadas ao terror, o que o beneficia sobremaneira.
Por mais que o belo trabalho da equipe da New Order ofereça uma boa porta de entrada para o arco, oferecendo um resumo que apresenta todas as informações importantes relacionadas tanto aos personagens como aos próprios eventos da narrativa, é uma experiência diferente ler Hellspawn já sabendo dos rumos da história principal. De fato, a própria conclusão do arco do personagem na série depende muito da narrativa pregressa, assim como os impactos da separação de Terry e da última conversa com Wanda.
Assim, para os fãs do Spawn, eu recomendo bastante essa edição.
Agora, caso você não seja um fã do personagem, Hellspawn valeria a pena?
Bem, fico bem dividido quanto a isso. Como fã, adoraria ver mais pessoas conhecerem o personagem, incentivando a própria editora a trazer mais materiais com a Cria do Inferno para terras brasileiras. No entanto, tenho que admitir que boa parte de minha experiência positiva com a série veio justamente de já conhecer o personagem e sua história, de modo que pude melhor aproveitar esse mergulho rumo ao terror.
Para novos leitores, porém, acredito que essa talvez não seja a melhor porta de entrada, uma vez que a narrativa da série é bem irregular. Não só isso, em termos de quadrinhos de terror, possuímos atualmente algumas opções bem interessantes - algumas, inclusive, sem o peso da cronologia - que oferecem histórias um tanto quanto mais consistentes em sua execução.
Mas certamente não tão aterradoramente belas.
Encerrando o texto, preciso destacar o trabalho da New Order, que fez um encadernado belíssimo. No caso, adquiri a versão da série em capa dura, que vem com uma linda dust jacket (a famosa sobrecapa) e o trabalho de arte na edição em si é maravilhoso. Sei que também existe a versão em capa cartonada mas, infelizmente, não cheguei a ver a mesma, de modo que não tenho como opinar a esse respeito.
Mas no caso da capa dura, é um volume belíssimo, digno de figurar nas prateleiras de qualquer fã do Spawn.

Informações técnicas:
Hellspawn - A Série Completa:
Autores: Brian Michael Bendis, Steve Niles
Artistas: Ashley Wood, Ben Templesmith
Tradução: Leandro Cruz e André Luiz "Also7" dos Santos Oliveira
Editora: New Order
Ano: 2022
Páginas: 432 páginas
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HellSpawn - Edição Completa - Capa Dura

Escrito e editado por: Dart
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