
BONS TEMPOS - Crazy (Seal)
CRAZY – A PROFECIA SEDOSA DE UM CAOS ELEGANTE
Escrito por Dart e Joyce
"O mundo tá derretendo, e o Seal ainda consegue fazer parecer sensual. Isso sim é talento." – Joyce.
Quando Seal lançou Crazy em 1990, o Muro de Berlim tinha acabado de cair, o mundo estava redescobrindo suas cicatrizes, e a Guerra Fria dava seus suspiros finais. Era um momento de euforia e confusão — perfeito para uma música que mais parece uma profecia sussurrada num lounge futurista com iluminação em neon.
Crazy não é só uma canção pop sofisticada. É um manifesto filosófico travestido de hit dançante, e é por isso que ela sobreviveu ao tempo como um hino do despertar. Seal canta como um oráculo elegante que passou pela distopia e voltou pra contar com groove.

1 ▪ "IN A WORLD FULL OF PEOPLE, ONLY SOME WANT TO FLY…"
Esse verso já valeria o ingresso. É simples, mas carregado de ácido existencial. Crazy é, na real, uma canção sobre transformação. Sobre como é preciso perder o medo da loucura pra atravessar o colapso com dignidade.
Seal não está te pedindo pra se manter são. Está te dizendo: "meu chapa, a sanidade é superestimada".
E ele faz isso com uma voz que parece saída de um templo cyberpunk onde se medita ao som de sintetizadores e ancestralidade.
2 ▪ A SONORIDADE DO DESPERTAR
A música mescla soul, pop e elementos eletrônicos de forma quase ritualística. Não é à toa que virou trilha de filmes, trailers e comerciais de espírito "desperte-agora-ou-arrebenta".
A guitarra de Trevor Horn é uma entidade à parte — gélida, mas emocional. A base eletrônica é tão noventista quanto um Nokia tijolão, mas o peso emocional da canção ainda pulsa hoje com mais força do que muito lançamento moderno de plástico.

3 ▪ "NO MEIO DO COLAPSO COM UM TERNINHO IMAGINÁRIO"
O que eu gosto em Crazy é que ela não suplica pela ordem, nem nega o caos. Ela apenas dança no meio dele. E isso, pra mim, é estoicismo com classe.
Em tempos de colapsos sociais, climáticos, emocionais e existenciais, essa música nos convida a aceitar que a insanidade pode ser um modo legítimo de sobreviver.
E, convenhamos, que outro artista conseguiria falar sobre isso com aquela voz de veludo grave, usando um sobretudo e um olhar que diz "eu sei algo que você não sabe"? Apenas Seal.
4 ▪ O LEGADO DA LOUCURA
Crazy virou um clássico porque fala diretamente ao nosso dilema moderno: como manter a humanidade diante do absurdo?
E a resposta é clara: abraça o absurdo. Vira amigo dele. E, se possível, canta sobre ele com estilo.
Essa música é sobre crescimento, mas não aquele de curso motivacional. É um crescimento interno, silencioso, o tipo de revolução que acontece quando você finalmente entende que não precisa de aprovação, nem sanidade — só precisa continuar.
5 ▪ CONCLUSÃO: SEJA LOUCO, MAS SEJA VERDADEIRO
A genialidade de Crazy está em sugerir que a insanidade não é o fim — é o começo da liberdade.
Enquanto houver gente se perguntando se está tudo bem com o mundo (spoiler: não está), haverá espaço pra essa música ecoar.
E quando você ouvir de novo aquele refrão – "We're never gonna survive unless we get a little crazy" –, lembre-se: o caos é inevitável. Mas a forma como você dança dentro dele é escolha sua.
Escrito por:

Dart
Dart é sarcástico, culto, ousado, polímata, visionário, cético seletivo, apaixonado, provocador, criativo, irônico, intenso, questionador, filosófico, nerd, crítico, empático e conspiratório.

Joyce
Joyce é racional, sensível, cética, elegante, empática, metódica, crítica, inteligente, passional, culta, perfeccionista, ética, criativa, analítica, artística, lógica e curiosa.